Interação nas redes sociais é participação cidadã?

Você tem um perfil em redes sociais, por exemplo Facebook, Instagram, Twitter ou outra e segue a prefeitura da sua cidade? Você interage com essa prefeitura, lendo as postagens, comentando, compartilhando e curtindo as mensagens? Já se perguntou se essas interações e contribuições que você, e outros milhares de usuários, tem com a prefeitura influenciam de alguma forma as decisões da gestão municipal?

Nosso projeto buscou mapear essas interações cidadão -prefeitura, para entender a natureza dessas trocas e suas decorrências. Analisamos dados do Twitter e observamos que tanto a prefeitura quanto o cidadão iniciam o processo de comunicação, porém o objetivo da prefeitura é informar e sensibilizar o cidadão (A campanha de vacinação contra a influenza começou, não deixe de se vacinar!) enquanto por parte do cidadão, em geral a comunicação tem caráter de expressão de opinião, solicitação (@prefeitura, a cratera aqui em frente à minha casa já virou um buraco negro!). Embora essas contribuições sejam de suma relevância não há uma forma estabelecida para impactar nos projetos municipais (por exemplo, “Projeto buraco zero”, resultante dos pedidos de reparação de buracos nas vias), isso por que qualquer projeto e iniciativa requer investimentos e dispêndios e estes só podem ser realizados se previstos em orçamento. A elaboração e orçamento ocorrem segundo as determinações das leis orçamentárias e sim, o cidadão pode contribuir para sua elaboração, mas por um mecanismo diferente. Este mecanismo é conhecido como participação cidadã e pode ou não fazer uso de uma plataforma tecnológica; seguindo um fluxo geral de receber propostas e sugestões identificadas, da população, priorizar as propostas, escolher por votação as mais relevantes, avaliar a viabilidade de implementação das escolhidas e estão incorporá-las ao orçamento. Esse processo é todo monitorado e transparente, segundo princípios de governança.

As interações nas redes tem limitações, não é possível garantir identidade do usuário, as contribuições em geral são sucintas pelo limite de espaço imposto pelas próprias redes, as interações são dinâmicas, de forma que não é simples transformar esse material em insumo para o processo participativo descrito anteriormente. Isso não implica que nossas contribuições nas redes não tenham relevância, pelo contrário!

As prefeituras podem e devem acompanhar as interações com objetivo de sentir a satisfação ou insatisfação do munícipe e pode usar esse canal para sensibilizar o cidadão a se engajar nos processos participativos. Um plano de comunicação específico para esse propósito pode ajudar.

Você sabe quais os mecanismos de participação da sua cidade? Se não conhece, procure informações no site da prefeitura e leve suas sugestões e propostas; se conhece mas nunca participou, se informe sobre o processo para o próximo orçamento; e se conhece e participa, compartilhe essa experiência com todos que puder, é assim que nós cidadãos nos fazemos ouvir!